Poesia e Pesquisa: uma homenagem aos deprimidos

Dediquei minha Tese de Doutorado, realizada na Faculdade de Medicina da USP, a todos os pacientes que sofrem com a Depressão. A poesia que apresento a seguir nasceu do meu desejo de validar, acolher e reconhecer o sofrimento que muitos carregam. Ao longo das estrofes, busco não apenas dar voz a essa dor, mas também acender a luz da esperança. Se você tem ou já teve essa doença, que estas palavras o envolvam como um abraço. E, se você nunca vivenciou a Depressão, convido-o a usar a mensagem deste poema como um guia para se sensibilizar, oferecer apoio e dizer a alguém que está deprimido que ele não está sozinho nessa jornada.

 

Aos deprimidos,

Que mal-vinda é a sua nova versão, a com Depressão.
Há quem ache que é invenção, outros um momento
sem explicação, e há quem acredite, até mesmo,
em uma verdadeira maldição.

A alma chora, o corpo se escora, e a mente se apavora.
A íris enegrece, e o mundo se entristece.
O que acontece? Por que você adoece?
Muitos trilham esse caminho; você não está sozinho.
Sim, há muito espinho, não há ninho, e sim vazio.
Agora, as margaridas sofridas dessa amarga vida
são o jardim da sua ferida.

Eu sei, está escuro, obscuro; você não sabe nem mais
o que procura. Está à beira de uma loucura.
Calma, já vou acender a luz.
Não desista, insista, persista, invista; há luz à vista.
Sua dor não é em vão, estou aqui buscando uma solução.
A ciência traz a razão, e eu, junto a ela, lhe estendo a minha mão.

Não vou embora, serei o coro para o seu choro.
Farei com você a prece que te aquece.
Enxugarei as lágrimas que agora se escorrem
e que tanto ofendem a quem não te entende.
Quero te propor mais que um conserto; juntos,
vamos compor um concerto, uma linda canção de respeito.
Nós vamos cantar, dançar, tocar, aplaudir e, por fim,
aludir à sua bem-vinda nova versão, a com ressignificação.
No mais, gratidão!

Marina Biella

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